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Uso de cachorro em ação que matou líder da Al-Qaeda reflete crescente dependência de militares nas guerras do Afeganistão e Iraque
As identidades de todos os 80 membros da equipe Seal que realizaram a incursão a Abbottabad, Paquistão, que terminou com a morte de Osama bin Laden é tema de intensa especulação. Mas a identidade do único membro de quatro patas é ainda mais misteriosa.
Pouco se sabe sobre o cão mais corajoso do país. Mesmo a sua raça é assunto de grande interesse, embora fontes militares tenham dito que provavelmente se trata de um pastor alemão ou um malinois belga. Mas seu uso na invasão reflete a crescente dependência dos militares nos cães nas guerras em que as bombas improvisadas causaram dois terços de todas as vítimas. Os cães têm se mostrado muito melhores do que pessoas ou máquinas para encontrar bombas rapidamente.
O general David H. Petraeus, comandante das forças dos EUA no Afeganistão, disse no ano passado que os militares precisam de mais cães. "A capacidade que eles trazem para a luta não pode ser reproduzida pelo homem ou por uma máquina", disse.
O major William Rodrigues, comandante militar do Centro de Treinamento de Cães do Departamento de Defesa, na Base Aérea de Lackland, no Texas, disse que o cachorro presente na invasão pode ter verificado o casarão em busca de explosivos e até cheirado as maçanetas das portas para ver se elas continham armadilhas.
E considerando que o ex-líder iraquiano Saddam Hussein foi encontrado escondido em um buraco estreito e escuro sob um barraco de barro de dois cômodos no Iraque, a equipe Seal pode ter levado o cão para o caso de Bin Laden ter construído uma sala secreta em sua fortaleza. "Os cães são muito bons em detectar pessoas dentro de um edifício", disse Roberts.
Outro uso para o cachorro pode ter sido o de pegar alguém que tentasse escapar do casarão nos primeiros momentos da invasão. Um pastor ou um malinois agem duas vezes mais rápido que um ser humano.
A sargenta técnica Kelly Mylott, comandante do canil da Base Aérea Langley, na Virgínia, afirma que os cães são ideais para pegar quem está tentando fugir sem ter que matar a pessoa. "Quando os cães vão atrás de um suspeito, eles são treinados para morder e manter a pessoa imóvel", disse Mylott.
Alguns cães são grandes o suficiente para derrubar um suspeito quando saltam sobre ele, disse Mylott. Outros mordem braços ou pernas. "Cães diferentes fazem coisas diferentes", disse. "Mas seja o que for que fizerem, impedem a pessoa de fugir.”
Finalmente, os cães podem ser usados para acalmar um grupo de pessoas – especialmente no Oriente Médio. "Existe uma aversão cultural a cães em alguns desses países, onde poucos são usados como animais de estimação", disse Roberts. "Cães podem ser muito intimidantes nessa situação.”
Mylott disse que os cães chamam a atenção das pessoas de uma forma que as armas às vezes não conseguem. "Os cães podem ser um instrumento de dissuasão psicológica incrível", afirmou.
Há 600 cães servindo no Afeganistão e no Iraque, e esse número deve crescer substancialmente ao longo do próximo ano, segundo Brynn Olson, do Comando Central dos Estados Unidos. Particularmente populares com os soldados são os labradores que andam sem coleira 100 metros ou mais na frente dos grupos de patrulha para garantir a segurança do caminho. Uma Estrela de Prata, um dos maiores reconhecimentos da Marinha, foi dado postumamente em 2009 para um cachorro chamado Remco depois que ele descobriu um esconderijo de insurgentes no Afeganistão.
Afegão encara cão militar durante operação americana em Naka, Província de Paktika, Afeganistão (12/04/2011)
O treinamento de cães em equipes Seal e outras unidades de Operações Especiais é sigiloso. O major Wes Ticer, porta-voz do Comando de Operações Especiais dos Estados Unidos, disse que as principais funções dos cães são "encontrar explosivos e realizar buscas e patrulhas". "Nós dependemos muito deles para proporcionar um alerta antecipado para possíveis perigos e muitas vezes salvar a vida dos soldados das Forças de Operações Especiais com os quais operam", disse.
No ano passado, a equipe Seal comprou quatro coletes táticos impermeáveis para seus cães, que contam com infravermelhos e câmeras de visão noturna para que os manipuladores – que acompanham tudo com um monitor de 3 polegadas de até 1 mil metros de distância – possam ver imediatamente o que os cães estão vendo. Os coletes, nas cores bege e camuflagem, permitem que os manipuladores se comuniquem com os cães por meio de um pequeno alto-falante e custam mais de US$ 86 mil.
Equipes Seal chegaram a treinar a descida de paraquedas de grandes alturas com cães. O Exército usa uma variedade de raças, mas de longe as mais comuns são o pastor alemão e o malinois belga, que "têm a melhor combinação de faro aguçado, resistência, velocidade, força, coragem, inteligência e adaptabilidade a praticamente qualquer condição climática", de acordo com um folheto informativo da unidade de treinamento militar para cães.
Suzanne Belger, presidente do Club Americano dos Malinois Belgas, disse esperar que o cão seja dessa raça "e tenha feito o seu trabalho e voltado para casa em segurança". Mas Laura Gilbert, secretária do Clube do Pastor Alemão da América, disse ter certeza de que o cão era dessa raça "porque são os melhores!"
* Por Gardiner Harris, extraído do portal Ig.
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